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Autismo em Adultos: O Impacto do Diagnóstico Tardio Revelado

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© Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Impacto do Diagnóstico Tardio no Transtorno do Espectro Autista

O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição que, quando diagnosticada tardiamente, pode revelar uma série de desafios enfrentados pelo indivíduo ao longo de sua vida. O testemunho de Beatriz Lamper Martinez, uma nutricionista de 48 anos, ilumina esse tema. Diagnosticada recentemente com TEA, Beatriz compartilha que sempre se sentiu diferente, uma sensação que acompanhou sua trajetória desde a infância, mas que não foi entendida até o momento do diagnóstico. A identificação tardia dos sintomas muitas vezes leva a um ciclo de tentativas frustradas de tratamento, como Beatriz relatou, ao mencionar anos de luta contra a depressão e a ansiedade sem encontrar uma solução eficaz.

Beatriz narra como o reconhecimento tardio de sua condição se deu a partir do contato com os pais de uma criança autista. Esse relacionamento a levou a perceber semelhanças com características do TEA, o que a motivou a buscar um psiquiatra especializado. Após uma série de avaliações, incluindo testes neuropsicológicos, ela obteve a confirmação do diagnóstico. Esse momento foi crucial, pois trouxe à luz as crises emocionais que vivenciou ao longo da vida, as quais poderiam ser atribuídas a outros transtornos, como ansiedade e depressão.

A Experiência de Cecilia Avila

Assim como Beatriz, Cecilia Avila, uma publicitária de 24 anos, também passou por um diagnóstico tardio. Desde a infância, Cecilia enfrentava dificuldades sensoriais e emocionais, com extrema sensibilidade a sons e texturas. A busca pelo diagnóstico veio após uma conversa com uma colega que havia sido diagnosticada com TEA. Essa troca foi o ponto de partida para que Cecilia buscasse compreender melhor seus próprios desafios.

Cecilia expressa que recebeu o diagnóstico com um misto de alívio e incerteza. O entendimento de que suas experiências não eram meras “frescuras” infantis, mas sim características relacionadas ao autismo, foi transformador. Essa revelação não só proporcionou a ela uma nova perspectiva sobre si mesma, mas também a ajudou a estabelecer limites claros nas interações sociais e a entender suas reações a estímulos sensoriais, que antes eram vistas como fraquezas ou manias sem explicação. A experiência de Cecilia reflete a complexidade de viver com TEA e a importância de abordar cada caso com empatia e compreensão.

A Integração do Diagnóstico no Cotidiano

A relação entre o diagnóstico tardio de TEA e a qualidade de vida é um aspecto frequentemente negligenciado. O psicólogo Leandro Cunha explica que o entendimento das características e dificuldades associadas ao autismo pode proporcionar não apenas um alívio emocional, mas também um caminho para a inclusão social. Ele destaca que muitos adultos, como Beatriz e Cecilia, enfrentam dificuldades por conta da falta de conscientização sobre o TEA dentro da sociedade e até mesmo em seus círculos íntimos.

Essa invisibilidade do autismo leve, caracterizado por comportamentos sutis que podem facilmente ser confundidos com traços de personalidade ou até outras condições, torna ainda mais desafiador o reconhecimento do TEA. Os indivíduos que se encontram nesse espectro muitas vezes absorvem estigmas sociais que geram isolamento e insegurança. Cunha contextualiza que a ausência de um diagnóstico pode levar a uma série de complicações, incluindo problemas de saúde mental, dificuldade em ambientes de trabalho e nas relações interpessoais.

Diante das experiências de Beatriz e Cecilia, é evidente que a compreensão do TEA pode transformar a vida dos indivíduos afetados. Coletar informações sobre a condição e buscar apoio profissional são passos fundamentais que possibilitam a adaptação e a construção de uma qualidade de vida mais satisfatória. Reconhecer que o autismo é parte da pluralidade humana é essencial para a criação de um ambiente mais acolhedor e inclusivo, não apenas para os que vivem com a condição, mas para a sociedade como um todo.

O relato de pessoas diagnosticadas tardiamente destaca a necessidade urgente de maior conscientização sobre o TEA. A informação e o suporte podem ser agentes de mudança significativos, permitindo que indivíduos como Beatriz e Cecilia encontrem um caminho para a autoaceitação e sejam capazes de viver de forma mais autenticidade, respeitando suas singularidades e limites.

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