Siga-nos nas Redes Sociais

Blog

IA Brasileira Inova no Monitoramento do Risco de Hanseníase

Publicado

em

Por

© SMS de Mesquita/RJ

Desenvolvimento do Separeh

Pesquisadores brasileiros da Escola de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) promoveram um avanço significativo no monitoramento da hanseníase ao desenvolver um sistema de inteligência artificial (IA) chamado Sistema Especialista para Previsão de Risco de Ocorrência de Estados Reacionais em Hanseníase, ou Separeh. O sistema é projetado para calcular os riscos de evolução da doença para quadros complicados, os quais podem resultar em sequelas permanentes. Essa inovação tem um impacto não apenas para a saúde pública, mas também para o gerenciamento individual dos pacientes.

Para a construção do Separeh, foi empregado um robusto conjunto de técnicas de mineração de dados e inteligência artificial. Esses métodos utilizam algoritmos que analisam vastas quantidades de informações disponíveis em um banco de dados. A pesquisa se baseou em dados clínicos, sociodemográficos, laboratoriais e de histórico familiar, abrangendo quatro amostras populacionais de todas as regiões do Brasil, totalizando aproximadamente 1,4 mil pacientes.

Funcionamento e acessibilidade do sistema

Uma das facetas mais notáveis do Separeh é sua acessibilidade. A plataforma online pode ser utilizada gratuitamente por qualquer pessoa, promovendo a inclusão e a disseminação do conhecimento sobre a hanseníase. Desde a sua implementação, o sistema registrou cerca de 6,5 mil acessos provenientes de mais de 45 países, testemunhando a demanda global por ferramentas que ajudem no combate à doença.

O sistema foi projetado para operar de forma flexível; o usuário não precisa fornecer todas as informações sugeridas na plataforma. Segundo Marcelo Távora Mira, professor da PUC-PR, alguns dados, como os genético-moleculares, podem não estar disponíveis nos centros de atendimento primário à saúde, mas a ferramenta ainda assim realizará o cálculo de risco. No entanto, ele ressalta que a precisão do Separeh pode ser aprimorada com a inserção de informações mais detalhadas, atingindo sensibilidades e especificidades de 85,7% e 89,4%, respectivamente.

Complicações e mídias de notificação

A hanseníase, embora seja uma doença tratável, pode resultar em complicações graves, referidas como estados reacionais. Existem duas formas principais: a Reação Tipo 1 (RT1), ou Reação Reversa (RR), caracterizada pelo surgimento repentino de novas lesões cutâneas inflamatórias ou agravamento de lesões existentes; e a Reação Tipo 2 (RT2), ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH), que ocorre como uma resposta imunológica após a morte e decomposição de um número significativo de bacilos da hanseníase.

Esses estados reacionais apresentam um risco considerável, podendo surgir mesmo após o término do tratamento regular do paciente. O professor da PUC-PR adverte que, se essas complicações não forem diagnosticadas e tratadas prontamente, podem resultar em danos neurais permanentes. Essa informação é corroborada por dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indicam que em 2022 foram registrados 174 mil casos de hanseníase no mundo, com o Brasil ocupando a segunda posição global em novas ocorrências, atrás apenas da Índia.

O desenvolvimento do sistema Separeh foi um esforço colaborativo envolvendo professores e estudantes do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da PUC-PR, com a contribuição de outros programas internos e diversas instituições de pesquisa, como a Universidade de Brasília (UnB) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Essa colaboração reflete a importância da multidisciplinaridade na pesquisa e desenvolvimento de soluções para desafios complexos na saúde pública.

Em resumo, o Separeh representa uma ferramenta promissora que não apenas contribui para a avaliação do risco da hanseníase evoluir para quadros graves, mas também amplia a capacidade de diálogo entre os profissionais de saúde e os pacientes. Com a utilização de métodos avançados de inteligência artificial, essa inovação poderá ajudar a aprimorar o tratamento, a prevenção e a educação sobre a hanseníase, potencialmente mudando a trajetória de muitos pacientes.

Continue Lendo
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Em Alta

Copyright © 2025 Rede de Sites BR. Tema por RSBR, alimentado por WordPress.