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Saneamento precário resulta em 340 mil internações em 2024

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© Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

A questão da saúde pública no Brasil, especialmente no que diz respeito a internações e mortalidade relacionadas a doenças provocadas por condições inadequadas de saneamento ambiental, é alarmante. O cenário, conforme os dados do Instituto Trata Brasil, revela que em 2024, o país registrou mais de 344 mil internações, um número que evidência a gravidade da situação. Vale abordar os principais fatores que contribuem para essa realidade e as consequências que ela acarreta.

Análise das internações e suas causas

As internações relacionadas a infecções por insetos vetores, com destaque para a dengue, representam um percentual significativo desse total — cerca de 168,7 mil casos. Além disso, as enfermidades transmissíveis por ingestão de água e alimentos contaminados, conhecidas como doenças de transmissão feco-oral, contabilizam 163,8 mil internações. Este panorama de internações equivale a, aproximadamente, 950 casos diários, um dado que, embora represente um número alarmante, esconde uma leve tendência de queda: desde 2008, as internações têm diminuído em média 3,6% anualmente.

Apesar da diminuição gradual, a situação permanece crítica em diversas regiões do Brasil. A Região Centro-Oeste, por exemplo, apresentou a maior taxa de internações no último ano, com 25,5 casos por dez mil habitantes, reflexo direto do surto de dengue. A Região Norte, por sua vez, enfrentou uma alta taxa de internações relacionadas a doenças de transmissão feco-oral, com índices que chegaram a ser o dobro da média nacional, atingindo 14,5 por dez mil habitantes. Entre os estados mais afetados, estão o Amapá, com 24,6 internações, e Rondônia, com 22,2 internações por dez mil habitantes.

Demografia das internações

A resolução deste problema de saúde não é uniforme; populações de baixo status socioeconômico estão geralmente em maior risco, conforme ressaltado pelo Instituto Trata Brasil. Em 2024, 64,8% das internações registradas foram de indivíduos pretos ou pardos. As estatísticas também indicam que, embora os indígenas representem apenas 0,8% do total, a taxa de internação entre esse grupo foi alarmante, alcançando 27,4 casos a cada dez mil habitantes.

Além disso, a incidência dessas doenças afeta de forma desproporcional crianças e idosos, que apresentam os piores agravamentos, resultando em internações. Aproximadamente 70 mil crianças menores de 4 anos foram hospitalizadas em 2024, o que corresponde a 20% do total de internações — uma taxa de 53,7 casos para cada dez mil indivíduos dessa faixa etária. Para os idosos, com mais de 60 anos, o cenário é igualmente preocupante, com 80 mil internações registradas e uma taxa de 23,6 casos a cada dez mil habitantes.

Impacto da mortalidade e soluções

O estudo também lança luz sobre a mortalidade associada a essas doenças. Em 2023, foram contabilizados 11.544 óbitos em decorrência de agravos relacionados ao saneamento ambiental. Destes, a maioria ocorreu devido a infecções feco-orais, somando 5.673 mortes, enquanto 5.394 foram causadas por doenças transmitidas por insetos. Apesar de um declínio nos números de óbitos desde 2008, muitos municípios ainda apresentam estagnação ou aumento das taxas de mortalidade, com 1.748 cidades enfrentando essa realidade. A incidência de mortes foi especialmente alta entre os idosos, que representaram 76% do total de óbitos.

Outro dado relevante é que a taxa de mortalidade entre indígenas foi quatro vezes superior à da média da população geral, embora o número absoluto de óbitos ainda seja menor em comparação à população branca ou negra.

Diante desse panorama, o Instituto Trata Brasil sugere que a ampliação da oferta de água tratada e a melhoria na coleta e tratamento de esgoto poderiam reduzir em até 70% a taxa de internações no país. Além disso, essa mudança traria uma economia significativa, estimada em R$ 43,9 milhões por ano. Portanto, o fortalecimento e a implementação de políticas de saneamento básico são imprescindíveis para a melhoria da saúde pública no Brasil, tendo como base a equidade, a educação e a conscientização da população sobre as práticas de higiene e cuidados com a saúde.

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